Donald Trump. Que Deus?

Budde pasa por delante de Trump durante el servicio
Budde pasa por delante de Trump durante el servicio RD/Agencias

Ao terminar a minha colaboração semanal no DN, quero deixar uma homenagem sentida a uma mulher, a Bispa episcopaliana Mariann Edgar Budde, e a tantas e tantos que, com inteligência e coragem, continuam a missão do Evangelho de Jesus.     

   1. No passado dia 20, no seu discurso de tomada de posse, Donald Trump declarou triunfalmente que começava “a era de ouro” da América. Fora salvo por Deus da bala assassina, “para fazer a América grande outra vez”; a partir de agora, “há apenas dois géneros: masculino e feminino” e um novo sistema de imigração nas fronteiras e a deportação massiva de imigrantes ilegais, delinquentes...                                

    2. No dia seguinte, iniciou o dia com uma celebração religiosa na Catedral Nacional de Washington, um acontecimento que encerra os actos da investidura do novo Presidente.

‘Informe RD’ con análisis y el Documento Final del Sínodo

Monseñora Mariann Edgar Budde
Monseñora Mariann Edgar Budde

    A pregação — ficam excertos — coube à Bispa Mariann Budde: “Como país, reunimo-nos esta manhã para rezar pela unidade..., uma unidade que serve o bem comum..., uma forma de estar com os outros que abraça e respeita as nossas diferenças. Permite-nos, nas nossas comunidades e nas esferas do poder, preocuparmo-nos verdadeiramente uns com os outros, mesmo quando discordamos.” A unidade tem de importar-nos: “Espero que nos importemos porque a cultura do desprezo que se normalizou neste país ameaça destruir-nos.” Temos de continuar a acreditar nos ideais expressos na Declaração da Independência, com a sua “afirmação da igualdade e dignidade humanas inatas”. 

   E quais são os fundamentos da unidade? “Com base nas nossas tradições e textos sagrados, existem pelo menos três.” O primeiro é “honrar a dignidade inerente a cada ser humano, que é o direito inato de todas as pessoas como filhos do nosso único Deus.” O segundo é “a honestidade, tanto nas conversas privadas como no discurso público.” O terceiro é a humildade, “da qual todos precisamos porque somos todos seres humanos falíveis.” 

“Permita-me um último pedido. Senhor Presidente, milhões de pessoas confiaram em si e, como disse ontem à nação, sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço-lhe que tenha compaixão   do povo do nosso país que agora está com medo.” E lembrou gays, lésbicas e transexuais. “E as pessoas que cuidam das nossas colheitas, limpam os nossos escritórios, trabalham nas explorações agrícolas e nas fábricas, lavam a louça e trabalham no turno da noite nos hospitais: podem não ser cidadãos ou não ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não são criminosos. Eles pagam impostos e são bons vizinhos. Peço-lhe que tenha misericórdia, Senhor Presidente, e ajude os que fogem das zonas de guerra e da perseguição nas suas terras a encontrar compaixão e acolhimento aqui. O nosso Deus ensina-nos que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois éramos todos estrangeiros nesta terra.” “Que Deus nos conceda a força e a coragem para honrar a dignidade de cada ser humano.” 

    Trump, que é presbiteriano e tem a Bíblia como livro favorito, não gostou, escrevendo na sua rede social contra a Bispa: “Com comentários inapropriados, o sermão foi aborrecido e muito pouco inspirador. Ela e a sua Igreja devem pedir desculpa ao público.” Evidentemente, a Bispa declarou que não o faria, de modo nenhum.

   3. Numa carta aberta, o jesuíta J. I. González Faus lembrou a Trump que o Deus de Jesus é “o Amor infinito”, não “o orgulho infinito”. Penso que isto deveria ser lembrado a todos.

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