Brasil Hoje: as forças obsessivas e destrutivas no governo
Não podemos analisar o Brasil de hoje se não observamos um pouco da história mundial e do Brasil geopoliticamente.
A primeira guerra mundial foi desencadeada por diversos fatores, entre os quais podemos citar o crescimento da Alemanha que desejava compartir colônias africanas com a França, problemas de nacionalismos do século XIX, o Império Austro-húngaro arruinado pelos movimentos separatistas e multiplicidade de nacionalidades, e o pan-eslavismo da Rússia. Esta guerra levou ao enfrentamento de duas alianças: Rússia, Grã-Bretanha e França por um lado, e Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália por outro.
Adams Curtis, em um excelente documentário, mostra como a propaganda Nazi e das indústrias americanas depois da primeira guerra mundial foram as mais exitosas no domínio das massas. A primeira indústria a usar as ideias de Bernays foi a do tabaco com o objetivo que as mulheres fumassem. Não fumavam porque o cigarro era um símbolo do pênis. Bernays conseguiu, com a participação de artistas, mostrar que as mulheres podiam fumar, como forma de provar sua liberdade e Independência frente aos homens. A propaganda logrou lentamente levar os norte-americanos a uma mudança cultural de valores e a substituir as “necessidades” por desejos. Ou seja, a comprar não por necessidade, mas pelo desejo de consumir alguma coisa e, assim, foram transformados em “consumistas” de toda novidade. A cultura do consumidor se converteu em uma das maiores “obsessões” do mundo.
Posteriormente, esta manipulação de massas foi inteligentemente usada pelo nazismo. No entanto, Goebels adicionou algo importante: “uma mentira repetida 7 vezes se torna verdade”. Na realidade, a falsidade estava implícita em algumas propagandas, mas o mais importante de Goebels era a “obsessão” em repetir 7 vezes.
Assim, esta cultura da mentira logrou assassinar a verdade. Tal assassinato pode considerar-se como erros computacionais. Estes podem ser involuntários ou intencionais como na pirataria política, na guerra cibernética, mas seu efeito final é destrutivo para a harmonia do programa computacional. O mesmo ocorre no mundo em relação ao plano de Deus, manifestado muitas vezes por Jesus na construção de seu Reino: “buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6:33).
A neurose obsessiva de ganância e de exploração da natureza nos levou a uma dramática crise planetária, a ciência advertiu isso em 1972, e a pesquisa do ambiente tem verificado que nosso planeta está no início de experimentar sua etapa final com as graves consequências de ignorar esta verdade. No plano bélico, o New York Times (17/06/2019) informa que as forças “obsessivas de agressividade” da Rússia e dos Estados Unidos têm implantado softwares nocivos, com o propósito de danificar as redes e a infraestrutura energética de cada um. Uma guerra atômica com todas as suas consequências.
As razões do triunfo das forças obsessivas
As forças obsessivas atualmente se centram na moderna tecnologia comunicacional, e isto leva ao que o famoso psicólogo alemão Carl Jung chamou de “Representações Arquetípicas da Existência”, sonhos, lembranças, fantasias, TV, iPhone, videojogos, internet tem levado os humanos atuais a serem condicionados e ridiculizar qualquer coisa que não seja superficial, ignorando o óbvio.
Tal ignorância pode resultar fatal, porque os poderes ocultos obsessivos e destrutivos do caos, tem conseguido durante muito tempo fazer com que a população humana se auto feche e seja ignorante para, como observamos, controlá-los facilmente.
Nesta situação mundial, nos EUA e no Brasil chegam ao poder dois Presidentes totalmente neoliberais, em eleições pragadas de notícias maliciosas sobre os candidatos opositores, o que denominamos a faldemia (propaganda falsa e fakenews de trolls) atual que acompanha e é pior que pandemia do coronavírus, isto é a falsidade total. A mentira demoníaca que assassina a verdade.
A ignorância dos grupos evangélicos e católicos, que apoiam este sistema, precisamente ignora que esta é uma ideologia ateia, com uma concepção do homem como recurso econômico, ignorando sua centralidade espiritual e econômico-social. Eles são ateus mascarados de crentes, e assim, defendem falsamente a família quando tanto Bolsonaro como Trump casaram-se 3 vezes e tiveram filhos em cada um desses casamentos, ou seja, deixaram para trás, excluíram suas outras famílias. Bolsonaro defende “Deus acima de tudo”, mas que Deus?
O Deus de Bolsonaro (e de Trump) é um Deus do anti-reino, o Reino das desigualdades sociais, da opressão dos pobres, o Reino que como fala e escreve o Papa Francisco é de uma crueldade que mata, seja de fome (8,500 crianças morrem de fome por dia segundo a Unicef ) ou pelo vírus (Brasil e Estados Unidos são o epicentro de infetados e mortos no continente americano, sul e norte), e que descarta e excluí os mais necessitados. Não é o Deus misericordioso de Jesus, que ama os pobres, os doentes (sempre curava os enfermos) os roubados com violência (na parábola do samaritano), que paga igual aos que trabalharam o dia inteiro ou poucas horas porque estavam sem oportunidade de emprego.
O governo Bolsonaro representa a adesão total ao atual EUA, rendendo continência a bandeira norte-americana. Este governo tem deixado de ser uma democracia para se converter em uma plutocracia (governo dos mais ricos, dos milionários) tirânica, “obsessivo” pela economia neoliberal monetária, enviando os coitados trabalhadores a trabalhar em plena quarentena mundial, transformando-se num genocida a semelhança de Trump. Além disso, assassino também pela liberação de todos os inseticidas, germicidas, herbicidas, e pela devastação da Amazônia.
Não ficam dúvidas sobre o aspecto “obsessivo” de Bolsonaro, assim como não ficam sobre sua “compulsão à repetição”, demonstrado em sua briga com outro de sua mesma “obsessão de poder” o famoso Sergio Moro. O qual aproveitou sua fama para ser Ministro de Justiça de Bolsonaro Psicólogos e psiquiatras podem detectar outras manifestações de suas personalidades, talvez até mais obscuras. Sua compulsão obsessiva o levou a descartar dois ministros de saúde, pois acreditavam nas verdades cientificas, o primeiro por acreditar na quarentena como único método de salvar vidas do vírus, e o segundo por não aceitar a imposição da cloroquina como fármaco em todos os casos, visto que já foi demonstrado ser ineficiente e até perigosa pelos melhores acadêmicos do mundo. Em ambos os casos ficou claro seu desejo de impor sua vontade, mostrando seu aspecto amoral, impulsivo e imediatista.
Bolsonaro conseguiu também comprometer as forças armadas do Brasil ao incluir em seu governo mais de 3 mil militares. É, praticamente, um governo das forças armadas.
Para lutar contra este sistema, a única saída, talvez seja pensar com o coração, e ensinar a pensar com o coração, o que significa pensar com misericórdia, procurando o Reino de Deus e sua justiça. Para isto podemos aproveitar de seus mesmos princípios. Estamos a favor da propriedade e da iniciativa privada, mas para todos, sem exclusões. Então, por exemplo, todos os moradores de Florianópolis deveriam ter, como pede o Papa Francisco “Terra, Trabalho e Teto” para garantia de sua liberdade, que é o bem supremo dos liberais. E isto não tem nada a ver com o comunismo. Como falava o grande ensaísta inglês Gilbert Chesterton: “se o duque de Sutherland e dono de todas as fazendas de sua comarca, fosse contra o direito ao matrimônio como era contra o direito de propriedade, ele seria dono de nossas esposas recluídas em seu único harém individual”.
Este sistema econômico que mata, exclui e descarta não tem mais futuro, é nossa obrigação, neste momento histórico apoiar ao Papa Francisco em sua ideia que outro sistema é possível para construir um mundo mais fraterno. Caso contrário, vamos de forma inevitável para o Armageddon, o holocausto de humanidade.