Boas Pastoras tenham coragem de se levantar! Boas Pastoras do Cuidado!
O Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas e quer vida plena para todas as pessoas (Jo 10, 10-11). Todas essas qualidades expressam o Ser Feminino, o rosto materno de um Deus que cuida, ama, conduz e quer vida em plenitude!
A Rainha Ester arriscou a própria vida, pensando no bem do seu povo
Pensar esta Pastora me inspira a segurar na mão de mulheres que nos antecederam, que foram martirizadas, torturadas, discriminadas e silenciadas
Pensar esta Pastora me inspira a segurar na mão de mulheres que nos antecederam, que foram martirizadas, torturadas, discriminadas e silenciadas
| Ir. Michele da Silva - ICM
As mulheres são e sempre foram as maiores pastoras do povo, na dinâmica das comunidades e no cuidado com as pessoas mais vulneráveis da sociedade. A novidade é reconhecer essa habilidade como uma característica feminina!
O texto de João 10 descreve as características que classificam “Um Bom Pastor”: entra pela porta, conhece cada ovelha pelo nome, chama e conduz, caminha a frente para protegê-las, as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz (Jo 10, 2-5); o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas e quer vida plena para todas as pessoas (Jo 10, 10-11). Todas essas qualidades expressam o Ser Feminino, o rosto materno de um Deus que cuida, ama, conduz e quer vida em plenitude!
Com esse olhar profundo e místico fica fácil concordar que temos muitas Boas Pastoras a nossa volta, que doam suas vidas pelos filhos, por suas famílias, comunidades, pela sociedade e pelas grandes causas da humanidade. Quantas mulheres doaram suas vidas pelo direito de outras mulheres poderem existir e viver?
Se fizermos um panorama geral pela história da salvação, vamos nos deparar com várias mulheres corajosas que arriscaram a própria vida pelo bem comum coletivo, Rute abriu mão do conforto e da segurança de retornar para sua terra, para acompanhar sua sogra Noemi, que estava totalmente desamparada, na sororidade enfrentou os perigos de um caminho inseguro por empatia. “ Rute respondeu: Não insista comigo. Não vou voltar, nem vou deixar você. Aonde você for, eu também irei. Onde você viver, eu também viverei. Seu povo será o meu povo, e seu Deus será o meu Deus” (Rt 1, 16).
A Rainha Ester arriscou a própria vida, pensando no bem do seu povo: “ Se o senhor quiser fazer-me um favor, se lhe parecer bem, o meu pedido é que me conceda a vida, e o meu desejo é a vida do meu povo” (Ester 7,3). Maria mãe de Jesus também abre mão do seu projeto de vida, e acolhe toda a humanidade, sendo a mãe do salvador, abraçou a todos e todas como filhos e filhas e ainda se coloca a caminho para encontrar sua prima Isabel, “ Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa e saudou Isabel” (Lc 1, 39-40).
De forma simbólica essas mulheres representam diversas outras mulheres bíblicas, das primeiras comunidades cristãs e de toda a eclesiologia da Igreja, até nossos dias e lutas por vida digna para todos e todas. Isso é ser Boa Pastora na força do cuidado!!
Pastorear é um termo rural, talvez nem faça muito sentido em vários contextos urbanos ou entre os jovens, poderíamos até ousar atualizar essa imagem tão significativa dentro da nossa espiritualidade e modo de experienciar Deus, como os jovens chamariam o pastor hoje? Ele seria Homem? Seria uma cuidadora, uma companheira? É interessante pensar possibilidades diferentes que rompem com nosso “velho jeito patriarcal” de conceber tudo, como sendo masculino, mesmo manifestando um rosto materno e feminino! A Boa Pastora seria uma presença dinamizada pela força criativa da Divina Ruah, leve, acolhedora que abraça a humanidade ferida, cura suas dores e desencantos.
Pensar esta Pastora me inspira a segurar na mão de mulheres que nos antecederam, que foram martirizadas, torturadas, discriminadas e silenciadas. Que lutaram por mim, por você e por todas as mulheres, que cuidaram, que escutaram os clamores, que guiaram marchas pela liberdade e respeito dos corpos femininos, que floresceram onde não havia esperança de vida, mas provocaram uma primavera da amorosidade e nos fazem querer seguir ousando transformar nossa Igreja e sociedade.
Boas Pastoras tenham coragem de se levantar! De mostrar que o espaço e a igualdade se conquistam com diálogo na construção do discipulado de iguais, que não precisamos do título de boas pastoras, já somos com o testemunho de vida, mas queremos respeito, e viver plenamente para seguir acolhendo, guiando e amando quem mais precisa do nosso cuidado. Sigamos nos empoderando como mulheres que fazem a diferença, que na sua liberdade ousam tecer novas relações de ternura e fortaleza por onde pisam.
As Boas Pastoras não têm medo de caminhar porque não andam só! Cada mulher forte que dá um passo de libertação, traz consigo cada uma de nós!
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