EPIFANIA: viver em saída… (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)

E a estrela ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino... (Mt 2, 9)


A “travessia” vivida pelos Magos é a mesma que todos experimentamos; somos seres em contínua busca. Hoje são milhões de pessoas buscando no Google, no Facebook ou no WhatsApp sentados, parados, anestesiados...

Quem “sai” está deixando sua acomodada segurança, expondo-se ao que não conhece ou lhe dá medo conhecer. Há milhões de pessoas saindo sem pôr os pés na rua, de garagem em garagem, de centro comercial em centro comercial, viajando de metrô com os olhos fixos no celular. O quê buscam? O quê encontram?

O relato dos Magos não faz referência a pessoas concretas, mas a personagens. E porque estavam buscando, descobriram, e encontraram. Os que estavam longe descobriram, enquanto aqueles que estavam próximos do Menino não se inteiraram de nada.

No caminho que os Magos percorreram para aproximar-se de Jesus estamos representados todos nós. Como nos situamos diante do nascimento de Jesus? Segundo o Evangelista, diante de Jesus podem ser adotadas atitudes muito diferentes:
• Autoridades religiosas: conheciam a lei judaica, mas não souberam ler os sinais dos tempos e não encontraram Jesus. A religião, quando se reduz a simples práticas rituais, atrofia a sensibilidade impedindo-a de se abrir às surpresas de Deus.
• O poderoso rei Herodes: preocupado em preservar seu poder. Não se deixa provocar pelo novo.
• Alguns pagãos: guiados pela pequena luz de uma estrela, buscaram, e puseram-se em marcha, e encontraram Jesus.

O relato é desconcertante. Deus, escondido na fragilidade humana, não é encontrado pelos que vivem instalados, mas aos que buscam incansavelmente na ternura e na pobreza da vida.

Os Magos não pertenciam ao povo eleito nem conheciam o Deus de Israel. Eles viviam atentos ao mistério que se encerra no cosmos. Seu coração buscava a verdade. Não conheciam o itinerário que deveriam seguir nem o que encontrariam. No seu interior só havia esperança.

Os magos não caem de joelhos diante de Herodes nem encontram nele algo digno de adoração. Não entram no Templo grandioso de Jerusalém, pois era proibido aos pagãos.

Ao chegar a Belém, ao lugar indicado, vem somente o “menino com Maria, sua mãe”. Um menino sem esplendor nem poder. Uma vida frágil que necessita dos cuidados de uma mãe...

Chegando, eles prostram-se e adoram o Menino Jesus; prostrados, tiram seus tesouros, esvaziam-se e enchem-se da nova Luz descoberta. Cena poética onde Mateus nos ajuda a romper nossos esquemas mentais.

E eu me pergunto: A quem estamos adorando?
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