Irmão jesuíta astrônomo: Os cientistas que creem são mais do que se imaginava...

Este irmão jesuíta foi o primeiro de uma Igreja a receber a Medalha Carl Sagan, prestigiado prêmio da divulgação científica, concedido anualmente pela Sociedade Astronômica Americana.

Guy Consolmagno , 55 anos, irmão jesuíta, se apaixonou pela ciência desde pequeno, quando vivia em Detroit, Michigan, paixão que ainda o acompanha no Observatório do Vaticano, do qual é diretor desde 2015.

Filho de um jornalista, Consolmagno entrou na Companhia de Jesus aos 36 anos, no momento em que a sua carreira de astrônomo tinha decolado. Estudou ciências planetárias no MIT de Boston e PhD na Arizona University, mas os desígnios imperscrutáveis de uma vocação religiosa o levaram a pedir entrar no Noviciado da Companhia de Jesus (jesuítas).

Quando você se mudou para o Observatório do Vaticano sentiu alguma ironia por parte dos seus colegas seculares? A resposta foi rápida: Na verdade, não. A reação mais comum foi: 'Você vai à igreja? Eu também, mas não conte a ninguém'. Eu poderia listar algumas das figuras mais importantes no campo da astronomia que me falaram da sua fé.

Consolmagno explica de bom grado a relação fé-ciência, também para desmascarar muitos preconceitos enraizados, como a suposta incompatibilidade entre ser cientista e crer em Deus.

Em última análise, não se trata apenas de fazer ciência, mas do por que fazemos ciência. Quando eu tinha 30 anos, eu me perguntava: 'Por que fazemos isso? Devemos fazer isso por algo maior do que nós mesmos, e maior do que a nossa carreira ou é apenas um trabalho como tantos outros?

Para o jesuíta, é de fundamental importância não ter medo de falar sobre as próprias convicções com os colegas de trabalho: não para fazer proselitismo, mas para demonstrar que é possível ser cientista e, ao mesmo tempo, crer em Deus e ir à igreja aos domingos. E, ao mesmo tempo, ganhar visibilidade por causa do próprio trabalho: por sermos cristãos, amamos a ciência e a fé, ambas dons de Deus.
"A Teoria do Big Bang não é um modelo cosmológico de matriz ateia, ao contrário. O Big Bang foi inicialmente hipotetizado por um padre católico belga, Georges Lemaître. Muitos dos grandes vultos da ciência foram pessoas profundamente religiosas. De todas as fés, não apenas de uma. James Clerk Maxwell (o físico escocês que elaborou a primeira teoria do eletromagnetismo), foi o meu herói, e ele era um homem profundamente religioso, de fé anglicana. Nunca se falou disso na época, simplesmente porque ninguém precisava falar a respeito. A razão pela qual o Vaticano tem hoje o seu próprio observatório é mostrar ao mundo que a Igreja promove a ciência, e não o contrário."

O Ir. Consolmagno, um dos mais qualificados especialistas do mundo em meteoritos, as pedras que caem do céu, promoveu os Astronomia Workshops: Padres, diáconos e educadores paroquiais são hospedados durante uma semana no Centro de Pesquisa de Tucson, no Arizona e podem dialogar com os astrônomos nos bastidores. Essas pessoas, depois, voltam para as suas paróquias ou para casa e relatam a sua experiência.

A esperança é que, através dessas pessoas, as pessoas aprendam que a astronomia é uma coisa maravilhosa. E que o Vaticano promove tudo isso. Porque não é verdade que devemos ser contrários à ciência para sermos bons cristãos, muito pelo contrário. E esperamos que isso tenha um efeito multiplicador.

O universo físico é o modo que Deus tem para se comunicar conosco...

Uma pergunta: Sua fé treme ou se fortalece com a ciência?
Volver arriba