MARIA, PRESENÇA MISERICORDIOSA... (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)
“O pensamento volta-se agora para a Mãe da Misericórdia. A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus. Ninguém, como Maria, conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Na sua vida, tudo foi plasmado pela presença da misericórdia feita carne. A Mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor”. (Papa Francisco – Misericordiae Vultus)
Existe uma relação muito profunda entre Maria, Mãe de Jesus, o mistério da Misericórdia divina e a prática da misericórdia. Ela nos foi dada como Mãe, por seu filho Jesus, a própria misericórdia, e ela nos ama também de modo misericordioso.
Maria é a pessoa que conhece mais a fundo o mistério da misericórdia divina, pois é a mãe que gerou a misericórdia divina na Encarnação. Ao responder ao anjo “Eis-me aqui” e “Faça-se”, a Misericórdia divina se “faz carne” e entra na nossa história.
Maria experimentou de modo único a Misericórdia de Deus, que a envolveu de modo particular desde a sua Imaculada Conceição, passando pela Anunciação, como discípula fiel do seu Filho, até o grande momento da Páscoa d’Ele (paixão, morte, ressurreição, glorificação e Pentecostes). Ela é “kecharitoméne”, “cheia de graça”.
No “Magnificat” Maria exalta a misericórdia de Deus. Ela louva o Pai misericordioso: “a sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem”; “socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia...”. Misericórdia proclamada e vivida em todos os momentos de sua vida.
Maria é a Mãe da misericórdia. Ela é como a lua que reflete os raios do sol de justiça, que segundo a tradição da Sagrada Escritura é o próprio Deus misericordioso.
As “Bodas de Caná” é uma concreta evidência de sua presença misericordiosa. Ela se compadece da situação dos noivos e pede ao seu Filho realizar o primeiro “sinal”.
Maria fez-se presente nos momentos decisivos de seu Filho, e se faz presente na vida das pessoas. Presença solidária, marcada pela atenção, prontidão e sensibilidade, próprias de uma mãe. Não era presença anônima, mas comprometida e que mobilizou seu Filho a antecipar sua “hora”.
Maria é chamada a dar de graça o que de graça recebeu. Sabe entrar em sintonia com os sentimentos dos outros e construir vida festiva, e vida em abundância. Sua solidariedade aponta para uma outra presença, a de seu Filho, a misericórdia visível.
Sua atitude misericordiosa nos mobiliza para sair de nós mesmos e ir ao encontro dos outros. Nem toda presença é “saída de si”, pois podemos passar pelos lugares sem que eles deixem suas marcas em nós. A presença misericordiosa desemboca sempre no verdadeiro encontro com os outros.
Textos bíblicos: Lc 1,39-56.