REFORMA DO PAPA FRANCISCO OU DO EVANGELHO?... (Pe. Paulo Crozera/Campinas)
Há quem afirme que o Papa Francisco é um modismo que vai passar logo e tudo voltará como era antes... E, lamentavelmente, ainda pior e escandaloso, é saber que há pessoas dentro da própria Igreja que rezam nesse sentido, pedindo para que isso aconteça o mais breve possível. Um absurdo sem tamanho, pois esses são os mesmos que defendiam total, irrestrita e absoluta obediência quando o Papa era outro!!! As coisas parecem terem ficado muito relativizadas...
No entanto, o que vemos acontecer com o Papa Francisco não é propriamente algo dele. Evidentemente que tudo vem carregado com seu carisma e com o seu jeito único de ser. Mas a reforma que ele está empreendendo na Igreja é, acima de tudo, a reforma pautada no Evangelho da alegria e da vida. Além disso, ele tem seguido as determinações do Concílio Vaticano II que ainda não foram implementadas, após mais de 50 anos de sua conclusão.Aliás, no seu anúncio das reformas à Cúria romana, por ocasião do Natal de 2016, expressou o desejo de uma dupla reforma: "antes de mais nada, torná-la conforme à Boa Nova que deve ser proclamada jubilosa e corajosamente a todos, especialmente aos pobres, aos últimos e aos descartados; conforme aos sinais do nosso tempo e a tudo o que de bom alcançou o homem, para melhor atender às exigências dos homens e das mulheres que somos chamados a servir".
Quem não percebe a necessidade de um espírito evangélico penetrar mais amplamente em cada um de nós e nas estruturas de nossa querida Igreja, levando-a a ser menos clerical e mais missionária, a se voltar mais para os pobres e descartáveis de nossa sociedade, a valorizar mais as comunidades eclesiais de base, a fazer da Palavra de Deus e da Eucaristia o centro de toda a sua vida, a ter uma palavra mais profética em relação à realidade absurda na qual vivemos, a valorizar mais a ministerialidade vivida pelos cristãos leigos e leigas?... Uma Igreja mais samaritana, mais mãe acolhedora, mais anunciadora do Evangelho da alegria.
Não deixemos que matem em nós o Espírito que soprou no Concílio Vaticano II e que trouxe o ar rejuvenescedor do Evangelho à vida de nossa Igreja, retirando o mofo e o pó que haviam se acumulado durante séculos, desfigurando-a das comunidades primitivas e do dinamismo missionário que reinou no primeiro milênio da era cristã. Viva Francisco e viva a renovação que está sendo realizada com audácia e coragem, na força do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas!
Devemos nos perguntar, sinceramente: o que temos assistido de reações contrárias às reformas da Igreja serão elas a expressão de um verdadeiro amor à Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo? Muitas vezes não se querem mudanças para não se desinstalar do poder, dos privilégios, dos cargos conquistados... Será que nosso coração está voltado para o Evangelho? Nosso olhar está fixo em Jesus de Nazaré?
E as reformas apenas começaram!