Sagrada Família... (cf. P. A. Palaoro SJ)

Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor... (Lc 2,22)

Todos já vimos um invento recreativo para crianças, composto de um globo inflável que flutua sobre um reservatório de água. Tal invento evoca um comportamento frequente nas famílias de hoje; elas fabricam uma bolha e se fecham nela como num reduzido microcosmo enclausurando as pessoas em um mundo familiar muito definido e protegido.

Para as famílias cristãs, podemos perguntar se há algo mais por detrás dessa bolha, desse globo fechado no qual todos brincamos como crianças inconscientes...

Deus “se fez diferente” e é na “diferença” que Ele vem ao nosso encontro como chance de enriquecimento vital. Deixemo-nos surpreender pelo Deus da vida que rompe esquemas, legalismos e bolhas...

Também os muros estão voltando à moda; altos e com arame farpado por encima. Tudo f para segregar os “diferentes”, pois separam uns dos outros.

A festa da Sagrada Família nos convida a romper as bolhas fabricadas e os muros levantados afogando a própria existência.

A mudança de mente, de coração e de paradigmas exige que todos, de tempos em tempos, revisem suas vidas, conservando umas coisas, alterando outras, derrubando ideias fixas, convicções obsoletas, e modos fechados de viver que impedem arejar a própria vida.

Em todo nós há a tendência de cercar-se de muros, e isolar-se. No entanto, essa forma de viver é asfixiante e nada evangélica. Numa vida assim faltaria a criatividade, a audácia, a coragem de ser discípulo e irmão.

Se quisermos ter a marca da Família de Nazaré é necessário sair da mesmice e viver em comunidade; romper com o tradicional e acolher a surpresa; deixar a “margem conhecida” para vislumbrar o “outro lado”... Não há razão para permanecer nas ‘bolhas’ e viver em condomínios fechados... Tudo isso isola e esteriliza. Tudo se torna ‘líquido’, passageiro e descartável...

Inspirando-se na Sagrada Família muitos experimentam uma vida nova, profunda e fraterna.

A expressão “O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria...” sugere a atitude básica de tantos pais e mães: cuidando da vida frágil dos seus pequeninos. O ambiente familiar, sadio e instigante, torna os filhos conscientes de que são seres em movimento, protagonistas de mudanças, capazes de criar novos modos de existir e buscar o diferente.

A família é o espaço dos relacionamentos melhores, onde os sonhos amadurecem e as pessoas se tornam mais fraternas.
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