3º Domingo de ADVENTO: DESVELAR NOSSA IDENTIDADE... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

Quem és? Que dizes de ti mesmo? É possível que os enviados de João Batista nunca se fizessem essas mesmas perguntas... E quem teria ousado fazê-las aos sacerdotes do Templo?... Mas, essas perguntas foram feitas a Jesus.

Todo ser humano é aventureiro por essência; com ardor, ele anseia por uma causa última pela qual viver, um valor supremo que unifique, um projeto que mereça sua entrega radical. Para dar sentido à sua vida e realizar-se como pessoa, precisamos da auto-transcendência, isto é, viver para além de nós mesmo... Somos portadores de uma força que nos arrasta para algo maior, e que não se limita ao próprio mundo...

O tempo do Advento vem ao encontro desse nosso desejo profundo e se apresenta como uma mediação em direção à própria identidade expansiva, deixando nosso estreito território, e onde João Batista também deixa transparecer também sua verdadeira identidade: “eu sou a voz que grita no deserto”.

Nossa existência exige identidade clara e bem definida.

Normalmente confundimos identidade com certas “marcas distintivas”: nome, profissão, posição social, política ou religiosa... A identidade, no entanto, é dinâmica, histórica, fecunda, aberta ao desconhecido; ir além de si e adiante de si. Mas, só transcende quem se aproximar do próprio coração.

No interior de cada um há um movimento infinito de construção de si, de identidade em movimento que se torna possível graças a um constante arrancar-se do imobilismo. Só consegue aproximar-se da própria interioridade quem se desprende de defesas e projeções.

A Palavra de Deus, pronunciada sobre cada um de nós, des-vela e re-vela a nossa verdadeira e plena identidade: única, irrepetível, original. Essa identidade vai sendo gestada ao longo de nossa história pessoal com os avanços e recuos, vitórias e fracassos, alegrias e sofrimentos que vão pontilhando nossa existência e constituindo esse ser único, que somos cada um de nós.

Vivemos um contínuo chamado na vida e para a vida. Realizaremos nossa vocação, sendo nós mesmos, com nosso modo de ser, nossas possibilidades, nossa originalidade. Ninguém poderá realizá-la por nós, pois ser fiel à própria identidade é ser fiel à nossa vocação.

Identidade é mergulhar no “fluxo da vida”, colocar-se em movimento, e caminhar para o próprio interior. Ter identidade é viver em contato com as raízes que nos sustentam. Há uma força de gravidade que nos atrai progressivamente para a interioridade, onde Deus nos espera e acolhe.

Para a mentalidade bíblica, o ser humano é uma criação contínua, um processo permanente de “tornar-se pessoa”, passando por uma transfiguração, cada vez mais nova, de si e do mundo. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus!
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