3DTP: Conversas que transformam... (Pe. A. Palaoro SJ)
Para conhecer o Senhor, é necessário caminhar com Ele, escutar sua Palavra, deixar-se cativar, sentar-se à mesa e deixar que Ele parta e reparta o pão da vida.
E, depois, realizar o “caminho de volta” para a comunidade, para partilhar com os outros a experiência do encontro com o Senhor, professar juntos a fé comum e realizar as obras do Reino.
Lucas gosta de apresentar Jesus a caminho. No relato deste domingo, os termos “caminhar, caminho” aparecem no início, no meio e no fim. No livro dos Atos, a palavra “caminho” designará o modo de vida das comunidades cristãs. É essa experiência que nos converte em seus discípulos missionários.
Os caminhos que levam ao encontro com Jesus são os mais diversos, mas a experiência do encontro com Ele é imprescindível para conhecê-Lo, amá-Lo e segui-Lo.
Vivemos num mundo hiper-conectado. O mundo se converteu num “chat” contínuo. Mas, em meio a este “chat universal”, a conversação emudeceu. As nossas “conversações” ficaram prisioneira dos celulares, tablets, computadores, smarths... Corremos o risco de reduzir a comunicação à conexão. Falta a presença física.
Sem presença e encontro pessoal empobrecemos nossa existência.
No caminho de Emaús, Jesus provoca aqueles dois discípulos para que falem à vontade das causas de sua tristeza. No fundo do coração há um grande vazio que querem preencher “conversando e discutindo entre si”.
A pergunta de Jesus (“o que ides conversando pelo caminho?”) faz com que os discípulos levantem os olhos do chão e olhem para o rosto do peregrino desconhecido. Sem perceber começam a sair de seu fechamento e a alegrar-se porque alguém estava interessado nas causas de sua tristeza.
Aqueles dois pessimistas abrem o coração e contam “o que aconteceu a Jesus de Nazaré”, e falam não com um coração ardente, mas ferido, desiludido e triste. A resposta dos discípulos é relatada como uma tragédia irreparável.
Depois de um longo diálogo, insistem para que ele permaneça com eles naquela noite. O pedido “permanece conosco”, em Lucas, expressa o desejo de ser discípulo de Jesus.
Emaús tornou-se um lugar de acolhida e de partilha, de iluminação e ponto de partida para a retomada da comunhão com a comunidade. Foi na “fração do pão”, que os olhos dos discípulos se abriram e reconheceram Jesus.
A Eucaristia, fração do pão, continua a ser o sinal por excelência da presença do Ressuscitado...
O diálogo é consubstancial ao cristianismo. Deus é Palavra criadora e geradora de vida, mas em Jesus ela se manifesta como uma grande conversação. Em Emaús acontece a passagem de uma “conversa e discussão” marcada pela tristeza para uma outra conversação, cheia de sentido e alegria.
A nova conversação os faz retornar à comunidade e relatar a experiência que fizeram. Para haver uma verdadeira conversação precisamos sair de nós mesmos e reconhecer a presença do outro.
Uma pergunta: Suas conversas carregam calor humano ou são marcadas pela frieza das telas digitais?