27º DTC: HÁ UMA VINHA PLANTADA DENTRO DE NÓS... (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)

Segundo o relato da Criação, nós viemos da argila, do húmus... O universo inteiro mora, adormecido, dentro de nossos corpos. Somos terra que respira! E o maior desafio é a harmonia com todo o universo que carregamos em nosso próprio interior.

Podemos até dizer que há uma vinha em nosso interior, plantada com todo cuidado. A vinha interior é o “mundo” de nossa psique (afetos, energias, espiritualidade, sentimentos e desejos...). Quando todos estes dinamismos estão pacificados e integrados, cria-se um “cosmos” interior, expressão da “vinha secreta” que todos carregamos.

Esta vinha expansiva, acolhedora, aberta a todos é lugar de movimento, de encontro, de desafio... Cada um de nós é uma autêntica vinha da eterna presença de Deus.

Os homens e as mulheres de todos os tempos e lugares trazem, como que enraizados nas fendas mais profundas de sua interioridade, sonhos de rara beleza. Desejos de convívio, de superação da dor e da solidão; sonhos de fraternidade e de harmonia...

Caminhar pela vinha interior é sempre uma aventura, um desafio... No entanto, há sempre em nós uma tendência a delimitar, defender e fechar-nos em nossa própria vinha. São grandes os riscos de vivermos em horizontes estreitos. Tal estreiteza atrofia a solidariedade e dá margem à indiferença, à insensibilidade social, e à falta de compromisso com as mudanças que se fazem urgentes.

Segundo a imagem bíblica da Vinha, quando rompemos a aliança com Deus e nos afastamos d’Ele, ela fica estéril. A “centração em nós mesmos”, sem levar em conta a rede de relações que nos envolve, provoca a quebra da “religação” com tudo e com todos. Este é o veneno que nos corrói por dentro e petrifica nossa interioridade, embrutece nossa sensibilidade e atrofia a comunhão com todos...

Uma leitura honesta do texto do evangelho de hoje nos move a fazer-nos graves perguntas: Produzimos os frutos que Deus espera de nós? “Que fizestes de minha vinha!”

Deus não tem por que abençoar uma vinha estéril da qual não recebe os frutos que espera. Se não respondemos às suas expectativas, Deus continuará abrindo caminhos novos para seu projeto de salvação com outras pessoas que produzam frutos de justiça.

Ampliar a vinha do coração implica agilidade, flexibilidade, criatividade, solidariedade e abertura às mudanças e às novas descobertas. Não tem sentido ampliar a “vinha externa” se nossa mente permanece estreita, e o próprio coração insensível. Vinha ampla é convite a sonhar alto, a pensar grande..., ousar ir além, rompendo o modo rotineiro de viver.

Na vinha, Deus realiza seu sonho. E fica feliz.
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