5º DTP: VIVER COMO RESSUSCITADOS... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)
O contexto deste evangelho é o discurso de despedida de Jesus na Última Ceia. Ele havia anunciado a traição de Judas, a negação de Pedro, o anúncio da partida... Tudo isso deixou os discípulos desconcertados, abatidos e com medo.
Jesus sente a tristeza e a perturbação dos seus discípulos, e dirige-lhes palavras para animá-los, fortalecê-los e devolver-lhes o horizonte de vida.
E a imagem que Jesus usa para pacificá-los é a da “morada” no coração do Pai. Uma morada significa estar à vontade em sua casa. Deus quis ter sua morada em nosso interior. Somos sua casa.
“Na casa do Pai há muitas moradas”, há lugar para todos. A casa de Deus é ampla, aberta antes de tudo para aqueles que foram e são oprimidos.
Jesus construiu com suas palavras uma morada para as pessoas. E elas tinham o sentimento de poder habitar em suas palavras, e nelas encontrar segurança e paz.
Todos aspiramos a viver em um espaço seguro, e em paz. Lugar hospitaleiro, acolhedor e de intimidade com Deus. A morada interior já é antecipação da nossa morada eterna, no coração do Pai.
Um dos dramas vivido pelo ser humano hoje é que ele perdeu seu lar exterior, mas também sua morada interior. Comprovamos hoje um “déficit de interioridade”. As pessoas perderam o caminho da direção e não conseguem responder às grandes perguntas existenciais: “de onde venho? Quem sou? Para onde vou?...”
Alguns já não conseguem chegar ‘em casa’, pois vivem perdidos e sem rumo. Foram engolidos pelos ‘buracos negros’ da história. Outros não conseguem velejar nas águas da interioridade, e vivem uma existência medíocre e sem significado. Ambos perderam seu sentido de pertença, além de não mais saberem o que os sustenta.
O que é ‘estar em casa’ num mundo em constante mutação? Qual a sua ‘morada’ e pertença?
Só quando cremos que o mistério de Deus nos habita, é que podemos nos sentir em casa. Ele fez em nós a sua morada. O céu está em nós e essa ‘casa’ ninguém pode roubar ou destruir.
Diante da “cultura líquida” na qual vivemos precisamos de espaços vitais, significativos e seguros.
Deus nos habita e dá sentido à nossa existência.