5º DTQ: O DESAFIO DE SOLTAR A VIDA... (cf. P. A. Palaoro SJ)
A Quaresma termina com um chamado à vida, à Vida verdadeira. O relato da ressurreição de Lázaro é uma catequese sobre o encontro com Aquele que é Vida. Jesus vem comunicar a Vida de Deus.
Em Jesus acontece algo totalmente novo; Ele traz uma nova maneira de viver diferente, qualitativa, expansiva... Nada mais contrário ao espírito do Evangelho do que a vida instalada e uma existência estabilizada.
A “vida eterna” não é um prolongamento ao infinito de nossa vida biológica. É a dimensão inesgotável e decisiva de nossa existência. É Vida a plena prometida por Jesus: “Eu vim para que tenham a vida e vida em abundância” (Jo 10,10)
Facilmente vivemos como que atados com faixas. A imagem de Jesus, presente junto às vidas feridas e bloqueadas, nos ajuda a conhecer nossa própria interioridade e colocála em direção a novos horizontes. Vida seduzida pelo amor, e pela ternura.
“Lázaro” representa a humanidade ferida e amada, com dimensões necrosadas, amarradas, presas nos sepulcros. Nós mesmos podemos perceber parcelas de nossa vida paralisadas e atrofiadas.
Lázaro morto está presente em cada um de nós, esperando a ressurreição. Precisamos que alguém afaste a pedra que bloqueia o impulso da vida. Primeiro passo, remover a pedra.
Segundo passo: ouvir a palavra de Jesus que diz: “Lázaro, vem para fora!...”. “Ele tinha as mãos e os pés amarrados com faixas e um pano em volta do rosto”. Essas ligaduras podem ser nossos bloqueios internos, dependências, medos, inseguranças, carências que nos impedem de fazer o bem...
Diante do túmulo, Jesus mobiliza a todos: uns afastam a pedra, outros estendem as mãos e desatam as faixas, e há também aqueles que o toca e o ajudam a pôr-se de pé.
“Vem para fora!...” não é, por acaso, o grito diário de Deus em nossas vidas? Todos somos portadores de um sepulcro que nos fecha, nos isola e nos asfixia, privando-nos de nossa liberdade. É preciso dar asas à vida, soltá-la em direção à imensidão do universo. Não vivvamos mais para nós mesmos, mas para Ele e os que precisam de mim. Sair de um mundo fechado, egoísta, no qual nos habituamos com a morte e a mesmice de sempre: “Senhor, já cheira mal: é o quarto dia”
Cada dia Deus nos dá vida nova.