MESA, lugar da solidariedade... (Cf. Pe. A. Palaoro SJ)
O “ego” se move sempre a partir de suas necessidades, e uma delas é “ser reconhecido”, “ser o primeiro” e o buscar que tudo gire em torno dele e de seus interesses.
As palavras de Jesus abordam precisamente estas questões: Que lugar eu busco? O que me move? Quais interesses estão envolvidos?...
O “ego” sonha em se destacar e ser reconhecido; ama o aplauso e os gestos de admiração e quer ter sempre razão e busca impô-la aos outros.
Jesus vai à raiz quando tenta des-identificar-nos do ego. Somos maiores do que as nossas necessidades, e quando a identidade original emerge, deixamos de viver para o ego.
Ao desvelar nossa verdadeira identidade, nosso ego se esvazia, e com ele se vão aquelas necessidades ridículas que condicionavam nossa vida. Jesus nos convida à sensatez e ao sentido comum. O lugar do discípulo é, por escolha, o último, pois não somos, certamente os mais importante, e queremos dar preferência aos outros, àqueles que foram excluídos.
As palavras de Jesus são um convite à generosidade que não busca ser recompensada, e celebrar com os excluídos e que nada podem retribuir. Se ocupamos o último lugar é para que não haja excluídos. Queremos um mundo de irmãos, iguais no serviço mútuo. Quem assim viver merece uma bem-aventurança: Então tu serás feliz, porque eles não te podem retribuir.
Preparar a mesa e fazer a refeição com os outros implica todo um ritual. Comer é mais do que ingerir alimentos, é entrar em comunhão com as energias que sustentam o universo e que, por meio dos alimentos, garantem nossa vida. Toda mesa, ceia e banquete estão cercados por uma rica simbologia.
Os que tinham coragem de se sentar à mesa com Jesus, não podiam mais sair do mesmo jeito, pois a mesa do pão compromete com a partilha e a solidariedade com todos. O mundo sagrado da mesa é sempre relação com os outros. É junto à mesa que se dá o processo de humanização e comunhão.
Contudo, a mesa pode ser corrompida e torna-se lugar de rupturas e de competição. É claro que a “culpa” não é da mesa; a mesa deveria ser sempre oblativa e acolhedora.
Por desgraça há mesas solitárias, mesas da corrupção, do poder e de exploração... A frieza tomou conta das relações em torno à mesa, e a ausência da ritualidade aumentou a distância entre os participantes. Há uma profanação da mesa quando é transformada em lugar de conchavos sujos, negociatas interesseiras, e de tramas maldosas.
Devemos recuperar o sentido da mesa como um altar que deve ser preparado e ornado com carinho, para realizar sua missão sagrada, pois sagrados são aqueles que dela participam.A mesa é sempre sinal de comunhão.
Toda refeição deveria ser um ato comunitário, de comunhão. Por desgraça, muitos ficam sozinhos e comem rapidamente; outros, nem as migalhas têm.
A mesa não pode ser posta de qualquer maneira, e a sala deve ser aconchegante e íntima, para realizar o milagre do diálogo. É ao redor da mesa que aprendemos a servir, partilhar, receber, escutar e agradecer.
Toda mesa faz milagres.