Por que não ser padre?...
1983 e 2003 foram Anos Vocacionais no Brasil. Os bispos assim o decidiram respondendo às necessidades de tantas comunidades e aos anseios, ainda não clarificados, de muitos jovens. A CF de 2013 foi sobre "Fraternidade e Juventude". Lembro que, em 2013, aconteceu a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro, como agora em 2016, na Polônia, reunindo milhares de jovens.
O que é vocação? O que fazer diante dela? Quais as suas conseqüências?
Um dia recebi o seguinte bilhete, que me pareceu o grito incontido de um jovem amigo: "Eu sei que devo seguir o Senhor Jesus. Mas como?... Quando?... Onde?..." Às vezes, sabemos aonde queremos ir, mas duvidamos do caminho a tomar.
Dona Marieta é uma dessas senhoras que vai à igreja por pura obrigação. Sempre identificou o padre pela batina que usava, e as irmãs pelos seus hábitos. Nunca se preocupou em ultrapassar aquelas formas estereotipadas, clericais, sociais e frias que nos rodeaam. Dona Marieta pensa que não existem mais padres, nem freiras, pois quando vai pela rua não vê mais aquelas figuras singulares que tanta devoção lhe inspiravam. D. Marieta é uma mulher pessimista, e, quando fala da Igreja, é só para lamentar-se dos tempos passados, que não voltam mais.
Roberto, pelo contrário, pertence à mesma paróquia que D. Marieta. Ele é um jovem engajado na sua comunidade. Conhece seu povo, os jovens e os velhos, as crianças, os casais e também, evidentemente, o Pe. Marcos, a quem ele chama amigavelmente de Marcão. Pe. Marcos há muito tempo não usa batina, mas isto não incomoda nem um pouco a Roberto: "As árvores são conhecidas pelos seus frutos", diz ele alegremente.
Na comunidade do Pe. Marcos, do Roberto e de D. Marieta, acontecem coisas maravilhosas, mas nem todo mundo as vê. Quem percebe os questionamentos vocacionais que, como ondas, vão e voltam pela cabeça de Carlos, Omar, João, Iolanda, Luzia e Paula?... Jovens, homens e mulheres que têm rosto e história, que estudam, trabalham e querem, sobretudo, ser felizes fazendo o bem a todos.
São muitos os jovens que se questionam sobre vocação. São muitos, também os que não sabem o que fazer da própria vida. Uns se precipitam nas suas decisões e depois ficam lamentando escolhas malfeitas, outros pensam e relutam teimosamente contra a ideia de ser vocacionado, mas depois acabam aceitando e cultivando alegremente esse amor escondido.
Uma coisa é clara: Deus continua chamando hoje como ontem, tocando e cutucando o coração e a cabeça com a ideia de ser padre, irmão ou irmã.
Todos queremos que nossas comunidades paroquiais tenham o seu padre, para celebrar a Eucaristia, perdoar nossos pecados e caminhar evangelicalmente conosco. Todos queremos um padre, mas o que fazemos para que isto aconteça? Padre não cai do céu como pingo de chuva. O padre de hoje foi o jovem de ontem com pai, mãe, irmãos, vizinhos... e que um dia, depois de muito se questionar, decidiu com alegria entregar sua vida a Jesus e aos irmãos.
Uma pergunta: Quantas vocações surgiram na sua comunidade nos últimos 10 anos?