Casamento nas alturas
Hoje em dia muitos perguntam o porquê do casamento religioso. Para vários casais, basta o civil. Para outros, nem é necessária nenhuma formalidade. Ao perceber que se amam, querem passar juntos a vida juntos e ter filhos, passam a coabitar, cada um continuando com seu sobrenome, sua identidade.
Muitos que não se casam sequer pela lei civil vivem com muita seriedade e profundidade seu compromisso mútuo. Muitos dos filhos de tais casais crescem em um ambiente configurado pelo amor e fidelidade, procurando educar os filhos que porventura tiverem nos valores e na ética da reciprocidade que um dia os fez assumirem a vida em comum. Às vezes, há que reconhecer, esses casais que não procuraram o cartório ou a Igreja para selar sua união vivem de forma mais profunda e bela seu compromisso do que outros.
Ao mesmo tempo, há casais que buscam na cerimônia religiosa mais o aspecto da festa que do compromisso. Relutam em fazer uma preparação séria e adequada para celebrar sua união correspondente ao peso de seriedade e exigência que traz o compromisso que estão prestes a assumir, diante de Deus e da Igreja. E o que vemos são festas suntuosas, que se iniciam na igreja e se prolongam em comida, bebida e dança, que não têm continuidade nem profundidade posterior. Muitos desses casamentos se desfazem em pouco tempo. Ou burlam o compromisso assumido pelas mais variadas formas de infidelidade, gerando filhos traumatizados e tristes.
A Igreja Católica entende o matrimônio - compromisso entre um homem e uma mulher para formar uma família e viver a alegria do amor – como um sacramento. O que significa isso? Simplesmente que o mútuo compromisso daqueles que contraem matrimônio vem de Deus; a matéria do sacramento é o amor de Deus em pessoa, que se dá de forma privilegiada no amor do casal chamado a ser no mundo sinal deste amor.
Bem o entendeu a poeta maior Adélia Prado, ao cantar o corpo humano em um de seus poemas: “É inútil o batismo para o corpo... o corpo não tem desvãos; só inocência e beleza; tanta que Deus imita; e quer casar com sua Igreja; e declara que os peitos de sua amada; são como filhotes gêmeos de gazela...” Para expressar sua identidade com a Igreja, Jesus usa o amor entre o casal selado no matrimônio.
Por essas e outras a Igreja cerca de tantos desvelos e louvores o matrimônio, pondo bem alto sua meta e seu desafio: viver toda uma vida na fidelidade, na doação mútua, no perdão constante e na alegria de estar juntos, nos projetos em comum e nos filhos, frutos da união. E creio que faz bem. Apesar de ter um olhar de abertura e inclusão amorosa de casais que escolheram outras formas de amor e de união. Isso não implica em que o matrimônio cristão deixe de ser o que é e o que se proclama ser. Assim como não implica a soberba de acreditar-se melhor que outros que não escolheram trilhar esse caminho, mas trilham outros de forma responsável e bela.
Onde queremos chegar com tudo isso? Como não podia deixar de ser, ao Papa Francisco, que continua pródigo em surpresa e novidade em suas andanças pastorais por esse mundo de Deus. Ou em seus voos de longa distância nos céus do planeta. Pois foi numa dessas viagens aéreas que ele nos deu mais uma dessas surpresas.
O evento – pois disso se trata - data já de algumas semanas, quando da visita do Pontífice ao Chile. Carlos Ciuffardi e Paola Podest, dois simpáticos comissários de bordo do voo LATAM que levava o Papa de Santiago a Iquique, conversavam com Francisco enquanto o atendiam no avião. A um dado momento contaram que estavam casados, mas apenas no civil. A cerimônia religiosa não acontecera porque na época, em 2010, a igreja onde se casariam fora destruída pelo terremoto que assolou o país.
Pediram, então, ao Papa que abençoasse a união deles. Já tinham filhos, se amavam muito, viviam felizes. Francisco perguntou se queriam casar-se pela Igreja. O casal se surpreendeu: “Aqui?” perguntaram. Diante da resposta afirmativa do desejo que tinham de casar-se, o Pontífice propôs-lhes algo ainda melhor que uma bênção: uma cerimônia de casamento religioso completa e válida, realizada pelo próprio Papa.
Carlos e Paola viveram a cerimonia de seu casamento sobre as nuvens como um selo ao amor que já viviam e à família que já construíam. E despediram-se do voo com um beijo de “marido e mulher”. Sem complicações, sem hesitações, Francisco selou aquela união porque acreditou nela. Na verdade, a testemunhou e registrou, uma vez que os ministros do sacramento foram os próprios noivos.
Segundo uma visão moral mais tradicional, o casal estaria vivendo em concubinato e por isso necessitaria uma série de providências e passos para casar-se pela Igreja. Francisco, com sua sensibilidade pastoral, viu ali uma oportunidade de mostrar ao mundo em que consiste o matrimônio e qual o papel dos ministros ordenados diante daqueles que o buscam. E celebrou o casamento. Matrimônio celebrado nas alturas, casal feliz e confirmado em sua união. E Deus, em Jesus Cristo, mais uma vez celebrando suas núpcias com a humanidade, santificando-a pela efusão de seu amor para sempre fiel.
Muitos que não se casam sequer pela lei civil vivem com muita seriedade e profundidade seu compromisso mútuo. Muitos dos filhos de tais casais crescem em um ambiente configurado pelo amor e fidelidade, procurando educar os filhos que porventura tiverem nos valores e na ética da reciprocidade que um dia os fez assumirem a vida em comum. Às vezes, há que reconhecer, esses casais que não procuraram o cartório ou a Igreja para selar sua união vivem de forma mais profunda e bela seu compromisso do que outros.
Ao mesmo tempo, há casais que buscam na cerimônia religiosa mais o aspecto da festa que do compromisso. Relutam em fazer uma preparação séria e adequada para celebrar sua união correspondente ao peso de seriedade e exigência que traz o compromisso que estão prestes a assumir, diante de Deus e da Igreja. E o que vemos são festas suntuosas, que se iniciam na igreja e se prolongam em comida, bebida e dança, que não têm continuidade nem profundidade posterior. Muitos desses casamentos se desfazem em pouco tempo. Ou burlam o compromisso assumido pelas mais variadas formas de infidelidade, gerando filhos traumatizados e tristes.
A Igreja Católica entende o matrimônio - compromisso entre um homem e uma mulher para formar uma família e viver a alegria do amor – como um sacramento. O que significa isso? Simplesmente que o mútuo compromisso daqueles que contraem matrimônio vem de Deus; a matéria do sacramento é o amor de Deus em pessoa, que se dá de forma privilegiada no amor do casal chamado a ser no mundo sinal deste amor.
Bem o entendeu a poeta maior Adélia Prado, ao cantar o corpo humano em um de seus poemas: “É inútil o batismo para o corpo... o corpo não tem desvãos; só inocência e beleza; tanta que Deus imita; e quer casar com sua Igreja; e declara que os peitos de sua amada; são como filhotes gêmeos de gazela...” Para expressar sua identidade com a Igreja, Jesus usa o amor entre o casal selado no matrimônio.
Por essas e outras a Igreja cerca de tantos desvelos e louvores o matrimônio, pondo bem alto sua meta e seu desafio: viver toda uma vida na fidelidade, na doação mútua, no perdão constante e na alegria de estar juntos, nos projetos em comum e nos filhos, frutos da união. E creio que faz bem. Apesar de ter um olhar de abertura e inclusão amorosa de casais que escolheram outras formas de amor e de união. Isso não implica em que o matrimônio cristão deixe de ser o que é e o que se proclama ser. Assim como não implica a soberba de acreditar-se melhor que outros que não escolheram trilhar esse caminho, mas trilham outros de forma responsável e bela.
Onde queremos chegar com tudo isso? Como não podia deixar de ser, ao Papa Francisco, que continua pródigo em surpresa e novidade em suas andanças pastorais por esse mundo de Deus. Ou em seus voos de longa distância nos céus do planeta. Pois foi numa dessas viagens aéreas que ele nos deu mais uma dessas surpresas.
O evento – pois disso se trata - data já de algumas semanas, quando da visita do Pontífice ao Chile. Carlos Ciuffardi e Paola Podest, dois simpáticos comissários de bordo do voo LATAM que levava o Papa de Santiago a Iquique, conversavam com Francisco enquanto o atendiam no avião. A um dado momento contaram que estavam casados, mas apenas no civil. A cerimônia religiosa não acontecera porque na época, em 2010, a igreja onde se casariam fora destruída pelo terremoto que assolou o país.
Pediram, então, ao Papa que abençoasse a união deles. Já tinham filhos, se amavam muito, viviam felizes. Francisco perguntou se queriam casar-se pela Igreja. O casal se surpreendeu: “Aqui?” perguntaram. Diante da resposta afirmativa do desejo que tinham de casar-se, o Pontífice propôs-lhes algo ainda melhor que uma bênção: uma cerimônia de casamento religioso completa e válida, realizada pelo próprio Papa.
Carlos e Paola viveram a cerimonia de seu casamento sobre as nuvens como um selo ao amor que já viviam e à família que já construíam. E despediram-se do voo com um beijo de “marido e mulher”. Sem complicações, sem hesitações, Francisco selou aquela união porque acreditou nela. Na verdade, a testemunhou e registrou, uma vez que os ministros do sacramento foram os próprios noivos.
Segundo uma visão moral mais tradicional, o casal estaria vivendo em concubinato e por isso necessitaria uma série de providências e passos para casar-se pela Igreja. Francisco, com sua sensibilidade pastoral, viu ali uma oportunidade de mostrar ao mundo em que consiste o matrimônio e qual o papel dos ministros ordenados diante daqueles que o buscam. E celebrou o casamento. Matrimônio celebrado nas alturas, casal feliz e confirmado em sua união. E Deus, em Jesus Cristo, mais uma vez celebrando suas núpcias com a humanidade, santificando-a pela efusão de seu amor para sempre fiel.