"Somos portadoras da alegria do Cristo ressuscitado, nossas ancestrais nos deixaram este legado" Mulheres da Ressurreição!
"Enquanto os discípulos se escondem por medo, as mulheres enfrentam os perigos do sistema, da noite e das violências que ferem o corpo feminino e seguem o propósito de encontrar Jesus"
"Não vamos mais ser silenciadas, queremos a vida de todas as mulheres e plena participação em todos os espaços, inclusive no eclesial"
| Ir. Michele da Silva - ICM
Jesus Ressuscitou e está vivo entre nós! Essa memória afetiva nos foi transmitida pelas mulheres que realizaram a primeira experiência da ressurreição. Mulheres sem estudo, prestígio ou credibilidade perante os homens da igreja e da sociedade do seu tempo, mas profetisas e anunciadoras da boa nova de vida plena para todas as pessoas.
Jesus quis revelar-se ressuscitado as mulheres: “No primeiro dia da semana, ainda de madrugada, as mulheres foram ao túmulo levando os aromas que tinham preparado” (Mt 24, 1). “Elas se lembraram das palavras de Jesus!” (Mt 24, 8), as mulheres tiveram a coragem necessária para ir ao encontro do Cristo (morto), e vivenciaram a alegria da vida nova na ressurreição, por meio da sua fé. Uma experiência tão marcante que aparece no relato dos quatro Evangelhos da Bíblia e faz parte da nossa Tradição, sendo transmitida por todas as gerações até nossos dias.
“O processo vivenciado pelas mulheres gera boa-nova, elas se fazem evangelistas da primeira hora porque nunca desistiram, porque nunca aceitaram a morte como pedra absoluta sobre a vida. Elas tinham o que dizer, mas nem sempre foram ouvidas e respeitadas na afirmação e na integridade de uma comunidade de iguais. Ressuscitadas, ressuscitantes. É madrugada e as mulheres ao redor do mundo continuam acordando cedo, preparando perfumes. Movendo obstáculos e indo ao encontro das aparições e dos significados novos de ser igreja e de um outro mundo possível ” (Nancy Cardoso Pereira).
Enquanto os discípulos se escondem por medo, as mulheres enfrentam os perigos do sistema, da noite e das violências que ferem o corpo feminino e seguem o propósito de encontrar Jesus, porque acreditam na força da vida tecida na sororidade entre as mulheres, no cuidado que recria e transforma realidades de morte em bem viver!
O testemunho das Marias e de outras mulheres é legítimo, elas fizeram uma vivência muito profunda da ressurreição de Jesus, e conseguiram transmitir por sua fé e amor, essa experiência aos discípulos e discípulas que transmitiram até nós, que temos o compromisso de continuar esse ciclo iniciado por mulheres fortes, empoderadas e protagonistas da história da salvação em nossas comunidades e espaços eclesiais.
Somos portadoras da alegria do Cristo ressuscitado, nossas ancestrais nos deixaram este legado. Inspiradas em Maria Madalena que sentiu e anunciou a ressurreição de Jesus, podemos ousar ocupar nossos espaços legítimos e fazer nossas vozes ecoarem, com o novo que temos a oferecer em nossa essência, com nosso olhar, qualificação e capacidade de abertura para a ação da Divina Ruah.
As mulheres querem ter direito a voz e decisão dentro da Igreja, construir o discipulado de iguais e a ministerialidade verdadeira, com seu protagonismo profético, retornado as fontes das comunidades nascentes, que seguiram o testemunho de fé das mulheres da ressureição!
Não vamos mais ser silenciadas, queremos a vida de todas as mulheres e plena participação em todos os espaços, inclusive no eclesial. A boa nova da ressurreição precisa mudar as estruturas ultrapassadas e acolher a primavera feminina, que floresce em resistência e amorosidade!
Hoje somos as mulheres da ressurreição, no cuidado com a vida, no enfrentamento as violações de direitos e na denúncia de tudo aquilo que não condiz com o projeto de amor, pensando por Deus Pai e Mãe, doamos nossas vidas pela construção de relações mais humanizadas e dignas, anunciamos o Cristo ressuscitado no cotidiano da vida.
Para nós mulheres a morte não tem a última palavra, mas a vida nova, plena, da igualdade, da festa do amor! Prossigamos anunciando o Cristo ressuscitado, dando testemunho de alegria e esperança, para que a ciranda da vida, iniciada por mulheres ousadas possa continuar com a nossa presença transformadora, feminina e revolucionária!
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