10º DTC: POR QUE TEMOS MEDO DE QUEM É DIFERENTE?... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)
Numa sociedade corrupta e deformada quem se ajusta ao modo de proceder e de pensar da maioria, não desconcerta ninguém. Jesus viveu deslocamentos contínuose se fez presente em diversos lugares; sua vida se ampliou, sua mente se abriu, e seu coração se expandiu. Seus parentes em Nazaré continuaram vivendo como sempre, Jesus se fez itinerante.
Os deslocamentos de Jesus são um apelo para nossas posturas fechadas e visões preconceituosas... Sem alteridade regenerante caímos no confinamento de uma ortodoxia enrustida, e de um legalismo estéril e nada fraterno. Não queremos impor, mas apenas propor.
Não é fácil ser diferente e assumir uma vida alternativa frente aos que estão petrificados; não é fácil dizer “não” onde todos dizem “sim”; não é fácil fazer o que ninguém quer fazer. A vida humana, desde o início é compartilhada. O princípio de alteridade está fundado no princípio de identidade, pois a diversidade reforça a própria identidade.
Somos humanos, buscadores de sentido e semeadores de amor. Viver a “cultura do encontro” (Papa Francisco) implica em respeitar e se alegrar com a diversidade, considerando-a uma riqueza. Saber conviver com as diferenças é sinal de maturidade. Os seguidores(as) de Jesus acolhem as diferenças.
As diferenças mobilizam nossas energias e provocam intercâmbio entre as pessoas. A diversidade aproxima os seres humanos. A diferença é rebelde, quebra o uniformismo, convulsiona a quietude, sacode a rotina. A diferença gera alteridade. Massificar é uma atitude que degrada as pessoas, pois a humanidade é profundamente diversificada. Daí a importância de valorizar o próprio e também o diferente. As diferenças humanizam. Removamos abusos que anulam as diferenças, e valorizemos sempre o diferente. O que mais desumaniza é um coração fechado.
Quem vive “fechado em simesmo” não acolhe o Espírito de Deus, pois pensa que o diferente “está possuído por um espírito mau” (Mc 3,30).
Num coração petrificado o Espírito não tem liberdade de atuar; dessa resistência à ação do Espírito brotam as doentias divisões internas. São os dinamismos “dia-bólicos” (aquilo que divide) que se instalam em nosso interior, atrofiando nossas forças criativas e nos distanciando da fraternidade.
Não podemos permanecer trancados em redutos que rejeitam as diferenças existenciais. Daí a importância de aprender a ver o melhor de cada pessoa e de cada povo, superando as visões estreitas rejeitando todo tipo de racismo, xenofobia, desprezo, mixofobia, preconceito, dominação...
A “Ruah de Deus” nos move a construir Comunidades fraternas, capaz de abrir portas e derrubar muros, para que ninguém se sinta excluído. É missão específica da Ruah integrar as diferenças numa grande comunhão universal. Não podemos matar a presença e a ação original do Espírito Santo.