6º DTP: ESPÍRITO SANTO: “desbloqueador” de interioridades... (Pe. A. Palaoro SJ)

O evangelho deste domingo nos apresenta a Páscoa como promessa e esperança do Espírito Santo, o “Paráclito” (defensor/consolador) dos seguidores de Jesus. Jesus mesmo tinha sido o ‘Paráclito’ de seus discípulos, mas agora envia seu Espírito para ser presença interior e companhia.

A Páscoa é Presença de Deus em nós. Presença que desvela nossa identidade e nossa verdade mais profunda: filhos(as) amados(as) do Pai.

O Evangelho de João é uma verdadeira catequese do “Espírito da verdade”, pois atua na intimidade das pessoas, des-velando sua originalidade interior no serviço aos outros. Não é uma doutrina a ser buscada nos livros dos teólogos ou nos documentos da hierarquia. É algo muito mais profundo. Jesus diz que “ela vive conosco e está dentro de nós”. É alento, força, luz, amor que chega do mistério último de Deus.

Este “Espírito da verdade” está no interior de cada um de nós, defendendo-nos de tudo o que nos pode afastar de Jesus. Quem busca Deus com honradez não está longe dele.

A sociedade pós-moderna apostou pelo superficial e “exterior” e se distanciou da dimensão profunda e da interioridade. Tudo convida a viver na superfície, no descartável. A paz não encontra espaços em nosso coração. Vivemos na globalização da dispersão e da superficialidade.

Dispersos, superficiais e desordenados... seduzidos por estímulos sensíveis, magnetizados por ofertas alucinantes...

A exterioridade absorveu a interioridade humana. Temos receios e medos de no enxergar e encontrar nosso vazio. Daí o andar em massa, repetir slogans e adota critérios estranhos.

O que dizer? Aonde ir? Como viver?

Emerge a necessidade do valor do interior, a dimensão do coração, das intenções profundas, das decisões que partem das raízes internas. Jesus prometeu o envio do Espírito Santo que examina e purifica as trilhas do coração humano.

Ser seguidor de Jesus significa viver do Espírito, deixando-nos conduzir por Ele em direção à interioridade, do “eu profundo”, de onde brotam esperanças adormecidas e desejos infinitos.

Essa interioridade é um modo de ser, uma atitude de base a ser vivida em cada momento e em todas as circunstâncias. Mesmo nas atividades cotidianas mais simples, a pessoa que criou espaço para a profundidade e para a interioridade mostra-se centrada, serena e cumulada de paz, caminhando junto com os outros na mesma direção que aponta para a Fonte de vida e de eternidade.

Toda experiência espiritual significa um encontro com um rosto novo e desafiador de Deus, que emerge dos grandes desafios da realidade histórica.

A partir da interioridade, tudo se transfigura, tudo tem sentido, tudo vem carregado de veneração e sacralidade. Viver a interioridade é desenvolver a nossa capacidade de contemplação, de compaixão e de assombro.

Sem interioridade, Deus parece distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho torna-se lei, a Igreja uma simples organização, a autoridade transforma-se em poder, a missão em propaganda, o seguimento se burocratiza, a liturgia vira ritualismo...

Sem a experiência interior de Deus perdemos o sentido da nossa vocação cristã.
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