QUARESMA DA MISERICÓRDIA... (Cf. A. Pallaoro SJ)
A Quaresma pode ser um tempo privilegiado e o ponto de partida para transformar a própria vida. Quarenta dias como tempo propício para viver a “operação saída”, ou seja, expandir a vida em novas direções.
Momento litúrgico como parada estratégica em meio à voracidade do caminho e perguntar-nos se vivemos como realmente desejamos viver. Algum reajuste necessário para reorientar nossos passos e estabelecer maior harmonia entre cabeça e coração, desejos e hábitos? A liturgia nos pergunta como nos relacionamos com nossos desejos/impulsos/decisões (jejum)? Como consideramos os nossos semelhantes (esmola)? Como cuidamos de nossa amizade com Deus (oração)?
As três disciplinas espirituais da Quaresma (oração, jejum e esmola), encontram sua relação com as três dimensões do amor: a Deus, ao próximo e a si mesmo. As práticas quaresmais que a liturgia busca ativar (oração, jejum e esmola) vão além de nós mesmos.
Com a Quarta-feira de Cinzas iniciamos à Quaresma e entramos num movimento de discernimento: de quê jejuar e com quê saciar-nos nesse tempo litúrgico? Mais que jejum de alimento e bebida, podemos jejuar de soberba, de vaidade, de consumismo, de fazer-nos centro de tudo, de ativismo, de afetos desordenados (smarts, internet...), e da frieza nos relacionamentos...
O jejum ativa o amor que nos faz mais compassivos, solidários e misericordiosos.
O jejum e a abstinência nos conduzem ao autocontrole e à autoestima e são sinônimos de desintoxicar-se, desconectar, desapegar-se, desprender-se... Pessoas mais equilibradas, autônomas e livres.
A esmola (“elemosyne”) sempre esteve ligada à compaixão e à piedade. Quem partilha do que tem é com-passivo e misericordioso. Coração sensível à miséria do outro. Compaixão, ternura e solidariedade.
A esmola – misericórdia em ação – é uma atitude do cristão, pois criar laços de comunhão.
A oração nos ajuda a amar a Deus e a colocá-Lo no centro de nossa vida. A vivência da oração e das práticas associadas a ela (silêncio, solidão, reflexão, meditação...) nos ajudam a entrar em sintonia com Deus.
As tais práticas quaresmais são uma autêntica revolução e uma alternativa para viver com sentido.
Uma pergunta: Você começou realmente a Quaresma?