15º DTC: Conhece-se o seguidor de Jesus pelos pés... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)


“Adeptos do Caminho”: assim eram conhecidos os primeiros seguidores de Jesus (At 9,2), e Ele quer os seus seguidores sempre em caminho, dispostos a parar e conversar, prontos ao encontro e à solidariedade com todos os que vão e vem pela vida.

Continuemos a percorrer nosso caminho cotidiano de uma maneira `cristificada´, sempre solidários com aqueles que se encontram às margens.

Ser itinerante significa ir ao encontro do novo e do diferente. `Sair´ é uma experiência constitutiva da natureza humana porque tem um ar transformador. A `itinerância´ permite ir além de si mesmo, e entrar em outras terras prometidas, e ir ao encontro d’Aquele que nos transcende e se revelou Peregrino.

A vida humana é caminho com um ponto de partida, trajeto e horizonte. Somos“peregrinos” neste “êxodo de nós mesmos para Deus”, no qual adentramos em terra estranha, despojados dos suportes usuais da existência, desprovidos de todo amparo que não seja o da caridade. Quem caminha calcula seu trajeto, e planeja suas paradas. Sai de sua zona de conforto, e abre-se ao inesperado, e a novos encontros.

Todo caminho é um processo de mudança pessoal, e lugar de aprendizagens. Ele nos convida a dilatar o coração e interessar-nos pela situação dos outros viandantes, pois é a ocasião, o Kairós, de ajudar e crescer. Na Igreja, os itinerantes, os peregrinos do Reino de Deus, são imprescindíveis.

Com os “itinerantes” Jesus iniciou um movimento a serviço do Reino. Ele não permaneceu parado em casa nem fundou uma instituição vinculada a um tipo de templo, sinagoga ou santuário, mas percorreu com um grupo de discípulos(as), também itinerantes, os povoados e aldeias da Galiléia, anunciando e tornando presente o Reino. Jesus os tirou de seus lugares estáveis, de suas redes, e os fez itinerantes e amigos de todos os caminhantes.

Jesus, o Homem dos Caminhos, chama para uma Vida nova. A “pegada”que Ele deixa ao passar é sua própria Vida partilhada. Ele inspira toda nossa itinerância.

Jesus, o homem que se definiu, tem um sonho, um projeto (Reino). E surge diante dos outros com força pessoal capaz de sacudi-los e colocá-los em movimento. Ele “passa” e sua presença os atrai arrancando-os da acomodação. Chamando-me me salvavas e salvando-me me chamavas!

Jesus, com seu chamado, rompe nosso estreito mundo e desperta outras possibilidades ampliando nosso horizonte de vida.

Jesus envia seus discípulos com o necessário para caminhar: cajado, sandálias e uma túnica. Não precisam de mais nada para serem testemunhas do essencial. Jesus quer vê-los livres e sem ataduras, sempre disponíveis, sem instalar-se no bem-estar, confiando na força do Evangelho. “Chamado-resposta”implica, pois, um encontro comprometedor.

O discípulo-missionário é um des-centrado: o centro é Jesus Cristo que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais. A posição do discípulo-missionário não é a de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias”(Papa Francisco)

Fronteiras geográficas e existenciais? É preciso sair dos limites conhecidos; sair de nossas seguranças para adentrar-nos no terreno do incerto; sair dos espaços onde nos sentimos fortes para arriscar-se a transitar por lugares novos... Haverá sempre algo diferente e inesperado que poderá nos enriquecer...

A periferia passa a ser terra privilegiada onde nasce o “novo”, por obra do Espírito. Ali aparece o broto original do “nunca visto”, que em sua pequenez de fermento profético torna-se um desafio ao imobilismo petrificado e um questionamento à ordem estabelecida.

Nossos pés dizem por onde andamos e o que fazemos!
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