ASSUNÇÃO DE MARIA: plenitude do encontro... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

“Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?...”


Na festa da Assunção de Maria, a liturgia nos propõe aprofundar o sentido do encontro a partir da contemplação deste horizonte inspirador: a Visitação. Os ícones que expressam esta visita, nos apresentam duas mulheres vinculadas, unidas por um abraço, um beijo, e uma mesma alegria. Elas se revelam mestras da “cultura do encontro”.

Maria e Isabel: duas mulheres cheias de Deus; ambas grávidas, e de modo surpreendente. Elas carregam uma novidade que as supera. Uma, mãe do Messias, e a outra, do arauto dele. Cada uma partilha e reconhece o mistério de Deus na outra.

A Visitação desperta prazer e alegria. Alegria fecunda ligada a dois nascimentos que vão mudar a história de seu povo e da humanidade.

Deus se infiltra no cotidiano e naquilo que não tem maior relevância, ou seja, a vida diária de duas mulheres. Quebra-se assim a centralidade do Templo. Elas festejam as maravilhas do Senhor em um lugar simples, numa região montanhosa, numa casa de família simples. O maravilhoso e extraordinário no corriqueiro e simples.

Neste bonito encontro, junta-se o Antigo e o Novo Testamento, a juventude e a idade madura. Com elas e delas nasce o tempo novo, um momento culminante da história. Maria se põe a caminho, sai de si mesma, pois o serviço aos outros a apressa.

Na Laudato si (n. 240) o Papa Francisco nos diz que “a pessoa humana mais cresce, mais amadurece emais se santifica à medida que entra em relação, quando sai de si mesma para viver em comunhão com Deus, com os outros e com todas as criaturas. Assim, assume em sua própria existência esse dinamismo trinitário que Deus imprimiu nela desde a criação. Tudo está conectado, e isso nos convida a amadurecer uma espiritualidade da solidariedade global que brota do mistério da Trindade”.

Da Visitação passamos para a Assunção. Maria foi “assumida” para o encontro definitivo com Deus. Ela “subiu” porque “desceu” ao encontro dos preferidos do Pai. Na Visitação, Deus começou pelo coração e logo desceu aos pés e às mãos. Em outras palavras: Deus nos coloca sempre a serviço. Não foi necessário pedir nada, pois o amor descobre as necessidades dos outros. Porque o amor não espera, antecipa. O amor sempre tem pressa, não sabe esperar. O amor se faz gesto, atitude e serviço. “O amor consiste mais em obras que em palavras”(S. Inácio).

O amor põe pressas aos pés. Amor, coração e pés se fazem serviço aos demais. Quando amamos, as distâncias se fazem curtas, e a alegria nos invade. Nesta visita João salta de alegria no ventre de Isabel e esta extravasa seu júbilo. Maria canta seu Magnificat. E Isabel explode em um grito de louvor e reconhecimento.

Nosso mundo está carente de encontros significativos. A Visitação é um convite a “cruzar montanhas”, transpassar fronteiras, abrir buracos nos ilusórios muros de classe, de cultura, de raça, de gênero, de religião, etc... Desafiar a cultura do desencontro e do descarte, e no seu lugar construir pontes de amizade.

Vivamos em ritmo de Visitação!
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