4º Domingo de ADVENTO: TEMPO DAS MULHERES... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)
Encontro entre Maria e Isabel, duas mulheres que compartilham um segredo que não são capazes de entrever em toda sua imensidade. E nessa efusão se reconhecem partícipes de uma história que as ultrapassa. Encantadas, agradecidas, maravilhadas, expressam os sentimentos de seu coração no louvor a Deus: “Minh’alma engrandece o Senhor!”
O evangelho da Visitação nos convida a contemplar como Maria saiu de sua casa e empreendeu apressadamente uma viagem. O “fiat” (faça-se!) de Maria a Deus, a colocou sempre a caminho.
Advento, tempo de espera no qual Maria é protagonista, guardando um segredo que afetará a todos nós. Ela nos revela que não se pode viver sem mistério que nos deslumbra, supera e dinamiza.
Em Isabel admiramos uma maternidade inesperada. O assombro e a exaltação ecoam com a alegria e a dança da criança que carrega em suas entranhas. Isabel, a mais velha, se inclina diante de Maria, a mais jovem, num abraço e num beijo acolhedor. Nelas tudo é surpresa, vibração e alegria.
Isabel e Maria se acolhem, animam e se ajudam. É como se o Antigo Testamento, simbolizado por Isabel acolhesse fraternalmente o Novo simbolizado por Maria. A amizade de ambas se converte em fonte de bênçãos.
Maria vai ao encontro de Isabel para ajudar; não se dirige ao Templo nem ao sacerdote... Os homens não são capazes de entender o que está acontecendo nestas duas mulheres, pois estão preocupados com outras coisas. Maria celebrar com Isabel “a maravilha que Deus estava realizando nela”. Toda a história da esperança humana se condensa em duas mulheres com uma forte convicção: foram visitadas pela misericórdia de Deus.
Isabel canta a grandeza da mãe do Messias: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre... Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o senhor lhe prometeu”. É voz de benção e da bem-aventurança que dirigem a Maria todos os “esperantes” do Antigo Testamento. Esperaram longos séculos, dirigidos, animados, pela voz dos profetas. Agora chegou o cumprimento da promessa, e assim o proclama Isabel, mulher israelita, e mãe profética.
As bênçãos eram comunicadas pelos sacerdotes. No entanto, Isabel bendiz Maria em sua plena juventude e grávida de Deus. Bendiz o fruto de suas entranhas. Só esta mulher que engendrou em sua velhice, assumindo a voz do profeta que carrega em sua entranha, pode entender e receber a mãe messiânica, proclamando sobre ela a grande voz do cumprimento dos tempos. Estamos no centro da oração mais querida dos cristãos católicos (depois do Pai-Nosso), que é a Ave Maria.
Advento é o tempo das mulheres, e a Visitação nos situa em um espaço intensamente feminino. Os varões passaram a segundo plano quando chega a plenitude dos tempos. Também a Igreja vive hoje em tempo de parto, pois carrega em seu ventre Alguém maior que ela mesma, por isso ela precisa pôr-se a caminho, e dialogar com outras mulheres, aprendendo com elas o que significa estar a serviço da vida.
Precisamos reviver sempre a “cultura do encontro”.