5º DTP: CONECTADOS À VIDA... (Pe. A. Palaoro SJ)

Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira...” (Jo 15,4)



Se há algo que caracteriza nosso tempo é a consciência de ser rede-comunhão-interconexão. Tudo está interconectado na globalidade que vivemos; formamos parte de um todo.

Este tempo pede de nós “uma espiritualidade da conexão”, experiência da Unidade, de estender pontes entre culturas, raças, sexos, crenças religiosas, ideologias, de romper fronteiras, de estreitar laços, de criar espaços acolhedores... Sair de nossos pequenos círculos para criar vínculos com tantas pessoas, grupos, organizações sociais e movimentos que buscam a globalização da solidariedade, da interconexão responsável, da comunhão universal.

A imagem da videira e dos ramos, no Evangelho de hoje, revela a teia das relações, das inter-dependências e da comunhão de todos com a Fonte originária de tudo. Pertencemos a uma comunidade cósmica de vida. Estamos relacionados com todas as criaturas e com o próprio Criador, alimentados pela mesma seiva divina, que tudo sustenta com sua mão providente. Há uma unidade fundamental que perpassa todas as partes do universo, na forma de uma “rede”.

Conectar-nos com a Videira possibilita alcançar a seiva, o pulsar da vida e o equilíbrio nas relações. Sem a seiva divina que nos atravessa nunca poderemos dar o verdadeiro fruto.

No entanto, percebemos que o ser humano tem perdido o contato e a comunhão com o cosmos e com os seus semelhantes, recusando receber a seiva que a todos alimenta. A compulsão dos meios eletrônicos o ameaça de superficialidade, individualismo e isolamento. Isto tem provocado toda espécie de mal-estar, conflitos e solidão... Fragmentação do eu interior.

No ser humano há “algo” de interior, decorrente de sua profunda conexão com a Videira; há nele uma força latente, uma energia fundamental que o impulsiona a viver e ajuda a melhorar continuamente na liberdade, no bem, e no amor...

Esta força interior proporciona saúde física, lucidez mental e limpidez afetiva. E quando esta “força vital” permanece bloqueada, o ser humano perde a direção, seca a criatividade e demite-se da própria vida. Diante dessa situação existencial, faz-se urgente uma poda dos afetos desordenados.

Podas que abrem espaço à vida nova. O decisivo não é fixar-nos no “por quê?” das perdas e podas, mas no “para quê” delas? No “para quê” descobre-se novo sentido e uma força que brota das feridas e perdas existenciais. A seiva de vida surge de onde menos se espera.

O Podador sabe que está preparando uma vida nova e de mais plenitude. Só morrendo, podemos gerar frutos, e experimentar a ressurreição. Ninguém ressuscita recuperando o antigo, mas acolhendo o novo dom de Deus.

A seiva divina constitui nossa autêntica vida. Seiva divina, presente no “eu” mais profundo, que nos arranca de nosso fechamento e nos faz ir para além de nós mesmos.

Precisamos viver mais nas raízes de nosso ser; precisamos aprender a viver de uma maneira mais profunda e autêntica, a partir do núcleo mais íntimo de nosso ser essencial.
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