O prepúcio "sagrado" de Jesus...
Jesus, como todos os meninos judeus, foi circuncidado ao oitavo dia depois do seu nascimento, na sinagoga de Belém. E lhe deram o nome de Jesus (= Josué), que significa “Deus salva!” (Lc 2, 21). Isso é o que sabemos.
Maria, sua mãe, como mulher judia piedosa, não deve ter participado dessa cerimônia, pois não podia frequentar a sinagoga em até 40 dias, após o parto. Com certeza, ela viu o sangue do menino nas faixas que o recobriam...
Os escritos apócrifos são mais pródigos nas suas lendas. Um deles diz que uma serva de Maria guardou o pequeno prepúcio num vaso de alabastro, cheio de óleo de nardo, um conservante, e o entregou ao seu filho dizendo para guardá-lo bem. Coisa que ele não fez.
O fato da circuncisão de Jesus e a sua pele sobrante originaram até discussões teológicas na idade média: Jesus ascendeu aos céus com seu corpo completo ou lhe faltou uma parte?... Em geral, os judeus enterram os prepúcios após as circuncisões realizadas.
Por este rito o menino fazia parte da comunidade judaica.
O apóstolo Paulo teve fortes discussões com os judaizantes sobre este assunto da circuncisão: O que nos salva não é o cumprimento da Lei judaica (circuncisão!), mas a fé em Jesus Cristo, como Senhor e Salvador.
A circuncisão de Jesus se tornou tema popular na arte cristã, a partir do século X. Aí começam as estórias e relíquias sobre o “prepúcio sagrado” de Jesus. A Abadia de Charroux, na França, logo apresentou um belo relicário com uma amostra da bendita pele do Senhor. No século XVI, o Papa Clemente VII, declarou que o prepúcio sagrado era verdadeiro, e concedeu diversas indulgências aos que o venerassem. Mais tarde, a relíquia desapareceu, e foi encontrada só em 1856 por um operário que trabalhava no restauro da Abadia.
Por outro lado, a Abadia de Coulombs, também da França, apresentou outra relíquia semelhante. E, a mesma coisa as catedrais de Puy-en-Velay, Antuerpia, Besançon, Metz, Calcata, etc. O prepúcio e o relicário, pertencentes a esta cidade italiana, ainda foi exibido numa procissão anual, em 1983, até ser roubado provavelmente pelo valor econômico do precioso relicário.
Após o Concílio Vaticano II, este tema foi considerado como uma de tantas "lendas medievais piedosas" do nosso povo. A festa litúrgica da Circuncisão do Senhor, 1/JAN, também caiu definitivamente do nosso calendário litúrgico.
Somos cristãos, e não apenas bons judeus.
Enquanto a Igreja se perdia no culto ingênuo destas bobagens os direitos humanos do povo eram pisoteados por todos.
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