Desolação ou depressão?... (Autobiografia de S. Inácio de Loyola)
Vinham-lhe muitas vezes tentações, com grande ímpeto, para lançar-se de um buraco grande que aquele quarto tinha, junto do lugar onde fazia oração. Mas, sabendo que era pecado matar-se, voltava a gritar: Senhor, não farei nada que te ofenda! E repetia estas palavras muitas vezes (Autob. 24)
Hoje não são poucos os que experimentam a desolação e a depressão ao mesmo tempo. Elas chegaram devagarinho e se instalaram no mais fundo da alma, conturbando e paralisando a pessoa. Alguns critérios permitem diagnosticar uma e outra. Inácio entrou em depressão no início da sua estadia em Manresa.
A desolação espiritual esfria o relacionamento com Deus e acaba com os efeitos da consolação: a fé, a esperança e o amor. Na desolação as faculdades mentais (memória, inteligência e vontade) têm seu desempenho embaçado, mas não derrubam a pessoa. Na origem da desolação espiritual há, provavelmente, uma tentação à qual já anteriormente se sucumbiu. Não foi este o caso de Inácio.
E a depressão? A pessoa deprimida gira em torno de si e do que os outros podem pensar dela. O que sente é muito subjetivo, embora atinja de cheio o psicofísico dela. Quem está deprimido não consegue levar o ritmo normal da sua vida, pois é invadido por sentimentos de tristeza, culpa, insônia, fadiga e até por pensamentos de suicídio que impedem de se relacionar adequadamente. A pessoa deprimida se isola.
Inácio, em Manresa, sentiu-se afogado por sentimentos negativos que brotavam dentro dele e conheceu de perto a tentação do suicídio. Experimentou a perda do sentido de viver.
Mas um dia, e por pura graça, despertou como de um pesadelo. Como são Paulo, sabia em quem confiara e, aos poucos, o seu interior se harmonizou e se pacificou. O céu se abriu e a tempestade passou. Ele saiu desta experiência mais forte e sábio.
Uma pergunta: Você já experimentou a desolação ou a depressão? O que aprendeu com elas?