As escolas de samba criticam nossos políticos...
O enredo, escolhido por concurso, tratou da exploração do homem pelo homem. Fazer uma pessoa trabalhar uma jornada de 12 horas, por um salário mínimo e com direitos mitigados, é perpetuar a escravidão...
O último carro veio com um vampiro vestido com a faixa presidencial, que lembrava o presidente Michel Temer. Ele estava em cima do carro chamado neo tumbeiro, ou seja, um navio negreiro dos tempos atuais. Na avenida o povo gritava: "Fora, Temer!" As críticas explícitas deixaram em silêncio os comentaristas da TV Globo, que transmitia ao vivo o desfile de Carnaval.
Nas redes sociais, a escola TUIUTI foi louvada pela "coragem" das críticas. E eu o faço neste blog.
A Mangueira criticou o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que apareceu representado em um dos carros alegóricos como um boneco de Judas. O boneco do político evangélico era acompanhado da frase: "Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval". A escola criticava o corte, por parte da Prefeitura, da metade da verba destinada às escolas de samba.
A Beija-Flor, com o enredoMonstro é aquele que não sabe amar, tratou dos filhos abandonados da pátria que os pariu, abordando o descaso com crianças e adolescentes pobres.
Em São Paulo, também houve crítica política. O carro A Casa da Mãe Joana trouxe políticos, alguns com a faixa presidencial, e juízes representados sujos de lama e com malas de dinheiro e notas na cueca.
As escolas refletem o que se passa nas ruas. Para essas críticas chegarem à Sapucaí é porque o momento que vivemos é de uma crise muito grande. As escolas de samba são o último ponto onde chega essa voz crítica.
É um momento de protesta generalizada em todos os níveis da sociedade.